Nós criamos muitas expectativas pelo desconhecido. Por não possuir algo, idealizamo-la e quando a temos nas mãos nos frustramos por não ser o que nós queríamos e para disfarçar essa frustração, acabamos por idealizar outra coisa e nunca paramos de nos frustrar.
Se tomarmos um caminho A, nos arrependemos depois por não ter tomado o caminho B. Não é que o caminho A não seja bom, é que nós queremos todos os caminhos. A possibilidade parece melhor do que a realidade. Pois na possibilidade não existem defeitos, nós não imaginamos defeitos. Os defeitos parecem existir somente onde estamos agora. O que nós não temos ou estamos sempre parece ser melhor.
De perto os defeitos são gigantes. De longe eles são inexistentes. Por isso nós escutamos tantos relatos de pessoas que se apaixonam por amigos virtuais. Normalmente sabemos muito pouco das pessoas que conhecemos só pela internet e para suprir essa necessidade de saber mais, completamos essas lacunas com qualidades que nós admiramos.
Criamos pessoas ideais para conviver conosco, mas como vi certa vez em um filme, o ideal é o que só existe na ideia. Buscamos o corpo perfeito, o namorado perfeito, a amiga perfeita, o trabalho perfeito e por ai vai. Às vezes essa vontade de ter a perfeição nos ajuda para tentar nos aperfeiçoar, nos lembra que podemos sempre ser melhor se dermos um pouco mais de nós. Mas vejo por muitos corredores pessoas exaustas e enfraquecidas por não conseguir chegar a perfeição.
O que não sabemos ou o que sabemos e apenas não queremos lembrar é que tanto o ideal como a perfeição não existem, ninguém é perfeito e nem nunca vai ser.
Queremos a perfeição, o inexistente. Queremos o que não temos e não podemos ter. Temos uma fome que só com comida não se mata.