Embora raramente alugue filmes ou vá ou cinema, eu adoro assistir a eles. Talvez por isso eu tenha, nas ultimas folhas dos meus cadernos, gigantes listas dos filmes a que quero assistir.
Nesse fim de semana meus pais resolveram alugar alguns filmes, um por pessoa. Rapidamente consultei minha lista e de lá escolhi o filme Educação. Não vou mentir dizendo que lembro sobre o que fala o filme, mas lembro que assisiti ao trailer e gostei, então deve ser bom. Para que não tivesse problema se um deles já tiver sido alugado por outra pessoa, escolhi também O solista (que também não lembro mais do que fala).
Chegando lá fui imediatamente falar com o rapaz que trabalhava na locadora e lhe pedi o filme Educação. Ele nem deixou eu terminar de dizer que queria muito assistir aquele filme, me falou que não tinha. Eu até pensei em perguntar se ele tinha certeza, mas lembrei que tinha um plano B, e parti para ele. Perguntei se ele tinha O solista, dessa vez ele precisou consultar o computador. Digitou rapidamente o nome do filme e me disse sorrindo: “Ah! Esse eu tenho sim!”, mas ele também não me deu tempo de ficar feliz, já estava alugado. Eu até tinha pensando em um segundo plano, mas terceiro me pareceu demais.
Eu não sei dizer o que eu senti e nem a razão, porque afinal de contas, eram só filmes. Mas o problema é que não eram só filmes! Foi o que eu decidi fazer da minha noite de sábado. Mas não seria possível. Acho que minha decepção foi visível, pois o rapaz que estava me atendendo correu em uma das prateleiras e retirou bruscamente um outro filme.
- Mas eu tenho este aqui: Coração Louco! É muito bom! Fala de um cara que...
Ele tentou me falar do filme, pode até parecer birra, mas eu não queria escutar. Mesmo sabendo que Coração Louco está na lista de filmes que quero ver.
Peguei o filme sobre o qual me falava com tanta euforia e fui colocá-lo onde estava antes de ter sido arrancado com tanta brutalidade. Fechei os olhos, abri e escolhi o filme que tinha a capa mais bonita. Tirei da prateleira o Ensinando a viver. Li a sinopse, falava de Dennis, um garoto que acreditava vir de Marte e David, o homem que o adotaria.
Comecei a assistir ao filme e achei fascinante! Simplesmente linda a convivência de David e Dennis. A paciência e o amor de um e as estranhas convicções de outro. Já estava apaixonada pelos dois personagens. No filme, David estava dando uma entrevista sobre seu livro que deu origem a um filme. Fala sobre alienígenas e coisas assim. Dennis saiu escondido daquela sala e entrou no set de filmagem. Era em Marte aonde ele pisava!
E inesperadamente a imagem travou. Eu me assustei, será que... Não! Não deve ser. Tirei o DVD e o coloquei novamente. Também travou. Reiniciei o computador, travou. Mudei de computador três vezes (pois me lembrei do incidente com o DVD do Antonio Villeroy, tinha achado que estava arranhado e na verdade o aparelho que não estava funcionando corretamente. Troquei o DVD em vão). Tentei no DVD da sala... Nada deu certo. O DVD realmente estava arranhado.
Desesperei-me. Não conseguiria dormir se não soubesse o fim daquela história. Pensei que assim deveria se sentir Marcos, o motorista daquele conto da Elisa Lucinda, Amor pelos desfechos. Senti na pele a angústia do taxista. A sina de só poder saber das histórias pela metade. Decidi naquele momento que não seria motorista de taxi nem que essa fosse a única profissão que me restasse.
Até agora não sei como termina o filme ( se alguém estiver lendo isso é souber como termina, por favor, me conte e contribua assim para a minha felicidade. Serei grata). Então, na verdade pra mim o filme não teve fim (ainda), e como forma de protesto, terminarei este texto da mesma forma que Ensinando a viver acabou para mim, assim mesmo, sem desfecho e sem ponto final